Lean Manufacturing vs. Judô

O Judô na minha família sempre foi mais que um esporte ou mesmo um negócio. Era uma tradição, estabelecida pelo meu avô paterno, quando imigrou do Japão para o Brasil na década de 30.

Se Henry Ford dizia que você poderia ter o Ford T na cor que você quisesse, contanto que fosse preto; para mim a situação era algo similar: eu podia fazer o esporte que eu quisesse, contanto que fosse o Judô.

Isso tudo colocava uma pressão adicional nos meus ombros; mas eu absolutamente nunca tive grandes aspirações quanto a seguir uma carreira desportiva. Tive que situar-me quanto à escolha profissional: herdar a academia de Judô e seguir com o negócio da família, ou aventurar-me por “terras desconhecidas”. A engenharia sempre exerceu em mim uma forte atração, assim que decidi por ousar. E tive apoio incondicional de toda minha família nesta decisão, inclusive financeiro.

Entretanto, o Judô me proporcionou uma base cultural (comportamental) que foi decisiva tanto para o lado pessoal, como para a minha carreira profissional. Acho que o equilíbrio entre o “filosófico” (estratégico) e o “prático” (tático) do Judô, me ajudaram a perceber os seguintes temas que hoje, como consultor em “lean”, coloco em prática através de eventos de consultoria e/ou treinamento:

  • Liderança x disciplina (respeito ao “sensei” e atenção para as regras e procedimentos)
  • Método/técnica x aprender praticando (observar, entender, praticar seguindo um padrão)
  • Analisar e aperfeiçoar (hoje melhor que ontem, mas, pior que amanhã – melhoria contínua)
  • Exercer um controle dos resultados obtidos, de forma a aperfeiçoar os pontos fracos (mantendo os fortes)
  • Transformar desvantagem em vantagem competitiva (use a força do adversário a seu favor – criatividade)
  • Seguir aperfeiçoando as técnicas e a capacidade de coloca-las em prática no momento adequado – flexibilidade (do contrário, o resultado pode ser negativo – questão de não perder o “timing”)
  • Um adversário por vez (onde o pior deles é você mesmo!). Não é admissível “lotes”.
  • “Puxar, e não empurrar !”. Lição aprendida às duras penas: levei alguns “ipons” porque, ao “empurrar” os adversários, eles aproveitaram para “puxar” e encaixar golpes decisivos.
  • Há um tempo definido para a duração das disputas nas competições de Judô, que pode ser de 3 ou 4 minutos (dependendo da faixa etária). Portanto há uma espécie de tempo “Takt” (que no “lean” significa o ritmo para atender as necessidades dos clientes), no qual o atleta tem a oportunidade de vencer o adversário ou perder para ele – o empate não é mais uma opção.

Ainda que algo incompleta, esta comparação entre o “Judô e o Lean” pode contribuir para mostrar que o “lean” está presente nas nossas atividades do dia a dia. O difícil é percebê-las no meio de tanta “rotina” e confusão que nos cercam cotidianamente.

Forte abraço e “hajime!” (eu escutava isso do juiz nos campeonatos de judô, sinalizando o início da contenda) – e por que não começar ou alavancar o “lean” na sua empresa?

Os profissionais da WCBM Consultoria Empresarial Ltda. possuem mais de 20 anos de experiência como executivos na indústria, seguidos de 15 anos em consultoria, e já ultrapassaram a marca de 1.000 projetos de base lean com foco em Qualidade, Entrega, Custo e Desenvolvimento da Liderança, implementados em mais de 200 empresas na América do Sul, América Central, América do Norte, Europa e África do Sul.

Caso queira discutir algum tema deste artigo, fale conosco sem compromisso.

Washington Kusabara

Sócio Diretor e Consultor

Photo by Joshua Jamias on Unsplash



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